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DesencontrosCláudia Silva, 11º F

Claúdia Silva,11ºF – (23/02/05)

A história que vou contar é como muitas outras, de amor. Mas não é uma história de amor entre duas pessoas, é uma história do amor de uma pessoa só… eu.
Como todas as histórias de amor, esta também fala de um rapaz. De um rapaz muito especial (aos meus olhos…), Ricardo.
Não se trata apenas de um rapaz, o Ricardo é O Rapaz. O Rapaz mais lindo, mais fabuloso e fantástico que eu alguma vez vira. Simplesmente deslumbrante!
Lembro-me perfeitamente de quando nos vimos pela primeira vez, foi nas confissões, antes de fazermos a Crisma. Eu não sabia da sua existência até àquelas confissões e, talvez, o melhor tivesse sido continuar sem saber, embora o destino não se possa evitar… Por outro lado, tudo valeu a pena só por ter tido o prazer de o ver e perceber que afinal ainda existem raios de sol para além do arco-íris negro em que vivemos.
Durante os tempos que se seguiram, fomo-nos encontrando ocasionalmente e ambos nos olhávamos com aqueles olhos de “Quero-te conhecer”. Até que nos conhecemos mesmo e, finalmente, falámos um com o outro. Foi nas festas da minha aldeia, onde acabámos sozinhos a passear pelas ruas escuras, iluminadas pelas estrelas de um céu lindo. Foi uma das noites mais fascinantes da minha vida! Não aconteceu nada entre nós, aliás nunca aconteceu… Nas semanas seguintes encontrávamo-nos, sempre à espera que acontecesse alguma coisa; muitas vezes nos moinhos abandonados. Adorava estar ali com ele! Subíamos para o tecto e ali ficávamos durante algumas horas sem fazer nada, com uma paisagem deslumbrante a toda à volta … Divertíamo-nos muito quando estávamos juntos e o pouco tempo que estive com ele foi o único tempo em que soube o que é a felicidade.
Desde sempre, ele foi a única pessoa que me mostrou o que é sorrir com um brilho nos olhos.
Mas todos os Contos de Fadas têm que acabar um dia e foi então que ele me disse que ia viajar para França, durante todo o resto de Verão. Fiquei triste, mas isso deu-me ainda mais vontade de aproveitar, cada vez mais, todos os momentos que passava com ele.
No último dia que estivemos juntos, combinámos de nos encontrar nas festas de uma aldeia e naquele dia lá estávamos, novamente juntos, mas um pequeno imprevisto fez com que me fosse embora mais cedo do que esperava. Ainda assim eu não desisti, tinha de o ver mais uma vez.
Assim que tive oportunidade, voltei a combinar com ele perto de minha casa, quando ele voltasse das festas. E assim foi. Estivemos juntos quase até ao cair da noite. Esses momentos foram para mim a maior concentração de sentimentos que alguma vez experimentei: Alegria, Saudade, Tristeza… Ele ia-se embora, era impossível evitar isso, mas ali estava eu mais uma vez a conversar e a rir com ele. Só não sabia que aquela era a ultima vez…
Foi-se embora, desaparecendo na linha de horizonte onde a estrada se encontrava virtualmente molhada por reflexos dos últimos raios de Sol no fim de tarde; ao fundo, virou-se para trás e levantou a mão em sinal de Adeus. Nesse momento, correu-me pelo rosto a primeira de muitas lágrimas que os meus olhos deitaram por ele e fui para casa fazer a única coisa que naquele instante tinha vontade de fazer, chorar. Foi no final desse dia que eu lhe disse que gostava dele, talvez tivesse sido esse o meu erro…
As férias estavam a acabar e eu sabia que o Ricardo devia estar para chegar. Um dia alguém me disse que o tinha visto nas festas de uma aldeia lá por perto. Fiquei…não…não sei como fiquei, porque aquela notícia tinha-me atingido como se uma bomba de guerra tivesse rebentado ali mesmo aos meus pés. Por uns segundos, a minha alma fugiu e deixou-me sozinha, apenas com o corpo que foi a única coisa que se susteve de pé, pois o meu espírito estava de rastos. O Ricardo tinha regressado. Era óptimo, afinal ele tinha voltado! Mas de facto não o era, pois ele não me tinha dito nada. Tornou-se fácil para mim perceber que, se ele não me tinha avisado, fora porque eu já não era importante para ele, aliás, nunca o tinha sido.
Quando começou mais um ano lectivo, vi-o. Já quase me tinha esquecido de como ele era lindo. E se ainda me restava alguma dúvida do que sentia por ele, desapareceu naquele exacto momento. Era Amor.
O tempo passava e nós continuávamos sem falar. Até que um dia, não aguentando mais o desespero de o ver e não lhe poder falar, ganhei coragem suficiente para lhe perguntar (por telemóvel) se nos podíamos voltar a falar. Ele respondeu: “Claro, por mim podemos, não tenho nada contra.”. No instante em que vi aquelas palavras, voltei a viver… mas acabei por perceber que nunca mais nada ia voltar a ser como já tinha sido um dia. Um “ Bom dia “ cinco vezes por semana não era igual a todas as conversas que costumávamos ter. Tinha simplesmente acabado, mas eu nunca, mas mesmo nunca, me vou esquecer do seu tom de pele morena, dos seus olhos brilhantes e castanhos, dos lábios bem delineados, do gel que ele nunca se esquece de pôr no cabelo, da mania de alargar as mangas das camisolas e da pronúncia de “ j “ ao dizer palavras como “aulas” ou “olhos”. É impossível esquecer-me de como ele é especial.
Só tenho a acrescentar que ninguém lamenta mais que eu que este Conto de Fadas não termine com o habitual “ E viveram felizes para sempre.
“Afinal, tudo isto é verdade.