Irmã Lúcia 
Transladação dos Restos mortais para a Basílica de Fátima
Trasladação, Luís Kondor, Vice-Postulador
“Como vejo a Mensagem” (recensão)
“Não ia, porque tinha medo”
9 Testemunhos
Um momento de muita emoção
Ela foi a Testemunha
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Uma Tia
que foi pastora
Testemunho de Francisco Vieira, segundo sobrinho da Irmã Lúcia (08.02.06)
Conheço a Irmã Lúcia desde sempre. Em boa verdade, não consigo relembrar esse momento inicial, mas sim uma diversidade de encontros, de pequenos episódios, de estórias, que certamente se vão misturando na minha memória sem grande rigor cronológico. Fui crescendo, num convívio feito de visitas pontuais, numa relação quase sempre dividida por uma grade negra, que nos formatava o rosto e a expressão, naquela sala fria do Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra.
Alguém muito especial
Conheço a Irmã Lúcia, numa relação familiar, de proximidade, feita das preocupações comuns da nossa vida. Os estudos, a universidade, a tropa, o trabalho, as filhas. Mais que a dimensão espiritual da Irmã Lúcia, eu conheço uma Tia Lúcia, atenta, preocupada com os nossos passos, satisfeita com as nossas pequenas conquistas. Não me impediu isto de ter compreendido, desde muito cedo que estava perante alguém muito especial. Não tanto pela marca indelével da sua relação extraordinária com uma dimensão Divina, mas sobretudo pelas suas atitudes e palavras.
Por opção, assumiu uma vida de clausura, que distanciando-a dos acontecimentos que vão compondo a realidade deste Mundo, lhe permitia uma visão ampla e tantas vezes premonitória. A sua vida era composta de grandes marcos, mas isso não a impedia de manter uma atenção cirúrgica aos nossos estados de espírito, às nossas palavras. Fiquei sempre com a sensação que tinha uma capacidade de nos ler interiormente, antecipando os seus conselhos à apresentação das nossas preocupações.
Recortes de subtil ironia e uma constante alegria
Personalidade superior, fortemente marcada por uma dimensão espiritual e religiosa, conseguia recortes de subtil ironia e de uma constante alegria. Levou, até ao limite das suas forças, a disponibilidade para responder aos milhares de cartas que lhe eram dirigidas, tendo até e inesperadamente aderido às novas tecnologias de informação, com o objectivo de melhor organizar o seu trabalho e garantir uma palavra especial a todos aqueles que a contactavam.
A trasladação do seu corpo para Fátima é o fim de um ciclo e um retorno às origens. Finalmente próxima dos seus primos, Jacinta e Francisco, regressa à sua vida simples de pastora nos campos pedregosos da Cova da Iria.

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