Trasladação
Apraz-nos começar a nossa mini-reportagem com o breve depoimento que o Pe. Luís Kondor, Vice-Postulador da Causa de Beatificação dos Videntes de Fátima, acedendo a um nosso convite, aceitou escrever para o InforCEF.
No local onde hoje se ergue a Basílica de Fátima andavam, em 13 de Maio de 1917, os três Pastorinhos a construir uma paredita para proteger uns arbustos das ovelhas. Assustados pelo que lhes parecia ser um relâmpago, apressaram-se a juntar as ovelhas e começaram a descer rapidamente a encosta quando, um pouco abaixo da azinheira grande, viram pela primeira vez a Senhora mais brilhante que o sol.
Durante a primeira Aparição Nossa Senhora perguntou-lhes se estavam dispostos a aceitar todos os sacrifícios que Deus lhes enviasse e Lúcia, em nome dos três, respondeu prontamente que sim, e a partir deste momento toda a sua vida se concentrava em rezar e fazer sacrifícios pela conversão dos pecadores e em reparação ao Imaculado Coração de Maria.
A Jacinta e o Francisco adoeceram entretanto e em breve foram para o Céu, mas a Lúcia teve que ficar cá mais algum tempo, pois Deus queria servir-Se dela para fazer conhecer e amar o Imaculado Coração de Maria.
Após a morte dos primos, o Bispo de Leiria exigiu à Lúcia um grande sacrifício: abandonar não só a sua terra, onde vivera os grandes mistérios sobrenaturais, mas também a sua família, indo para um local desconhecido, onde não poderia revelar quem era nem falar das aparições. Para uma rapariguita de 14 anos parecia demasiado! A tentação de não obedecer ao bispo ganhava terreno ao arrependimento que ao mesmo tempo sentia por não conseguir cumprir o que tinha prometido em 13 de Maio de 1917.
No entanto, veio-lhe em auxílio a promessa de Nossa Senhora, em 13 de Junho de 1917: «Eu nunca te deixarei. O meu Coração será o teu refúgio...»
No dia 15 de Junho de 1921, véspera da sua partida, enquanto chorava, ajoelhada na Cova da Iria, sentiu uma mão amiga e maternal tocar-lhe no ombro, levantou o olhar e viu Nossa Senhora que lhe restituiu a luz e a paz à sua alma, dizendo: «Aqui estou pela séptima vez, vai, segue o caminho por onde o Senhor Bispo te quiser levar; essa é a vontade de Deus.»
A partir de então, para Lúcia só existiu este caminho: cumprir sempre a vontade de Deus manifestada pelo seu Bispo e mais tarde pelos seus superiores.
O seu regresso a Fátima é uma recompensa por esse contínuo sacrifício até ao final dos seus dias e, também para nós, uma grande graça por termos juntos os três Pastorinhos, na Basílica de Fátima, local onde começaram o seu percurso.