Desta janela os vi chegar
Aqui, na Secretaria do CEF, há longos anos que os vejo chegar, quase todos acompanhados pelos pais no primeiro dia, pequeninos, alegres, contentes, brincalhões, acabados de sair das escolas básicas de 1º Ciclo, começam as primeiras aulas e o seu primeiro contacto com uma nova realidade escolar. Passados uns dias já não parecem os mesmos, já conhecem a casa - a sala de aulas, os professores, os funcionários, os colegas, a cantina, a biblioteca, a “sua” camioneta, etc… – enfim já se ambientaram ao novo rumo que a sua vida tomou. Por aqui se perfilam por mais alguns anos neste ambiente estudantil, bebendo em conjunto com os colegas, as letras, as ciências e as novas tecnologias, a cidadania, os ensinamentos e aprendizagens programáticos, curriculares e não curriculares, propostos pela tutela e que os docentes com maior ou menor dificuldade lhes vão incutindo, senão com precisão cirúrgica ou matemática, pelo menos com muito empenho, garra e abnegação, preparando-os para um advir risonho feito de muitos sonhos. Se daqui, desta janela os vi chegar quais pardalitos de telhado, titubeantes, perdidos, saltitantes à procura de carinho, de amor, de conforto…, também os vejo partir quais melros espertos de penas luzidias, senhores do seu nariz, felizes, contentes, confiantes em dar o grande salto para a concretização dos seus anseios, para a sua emancipação pessoal. Assim, uns, munidos dos seus diplomas certificantes de qualificações tecnológicas ou profissionais, preparam-se para atravessarem a ponte para a vida activa. Vão inserir-se no mercado do trabalho, na sociedade, realizando-se profissionalmente, acalentando sempre o porvir de melhores dias. Outros, com os seus cursos de nível secundário terminados, diploma na mão, vão caminhando pela ponte da vida rumo ao futuro próximo que é a entrada nos meios universitários, aí prosseguindo os seus estudos académicos, buscando um nível de conhecimentos e preparação superior, que os transporte para uma profissão altamente remunerada e qualificante, afirmando assim as suas realizações pessoais, sociais e de cidadania. Quando mais tarde os reencontro, já formados, profissionalmente realizados, melhor ou menos bem inseridos na sociedade, todos se recordam com saudade destes tempos em que estavam no início da sua ponte…e, contam com alegria, que já atravessaram muitas pontes mas… esta… foi a ponte do futuro… a mais marcante das suas vidas. |
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